Neste primeiro fim-de-semana de Outubro, o Douro recebeu pela primeira vez as crianças e jovens das Aldeias SOS do Porto para um dia nas vindimas. O desafio de dar a conhecer a tradição das vindimas às crianças partiu da Instituição Social e foi muito bem aceite pela Quinta de Turismo Rural da Pitarrela em conjunto com a Quinta vinícola da Prelada.
Ambas criaram um programa único para receber estas crianças de forma a transmitirem o melhor da cultura do Douro, da sua gastronomia, das suas vinhas, das suas estonteantes paisagens, não só do ponto de vista do lazer mas também com uma vertente pedagógica muito forte para quem pela primeira vez tomou contacto com a realidade duriense.
Os jovens chegaram cedo à região da Régua onde aproveitaram desde logo para fotografar as paisagens de um dos mais belos miradouros de Portugal, o Miradouro da Galafura que o poeta Miguel Torga tanto elogiou. O tempo deu para as fotografias mas sobretudo também para apreciar os socalcos, as vinhas, as quintas e o rio a correr lá em baixo, paisagens nunca antes vistas por estes jovens.
Seguiu-se depois uma caminhada até à hora de almoço onde os esperava um repasto reforçado para a tarde que se seguiria. Da comitiva que saiu das Aldeias SOS do Porto faziam parte mais de duas dezenas de crianças que pelos mais variados motivos se encontram institucionalizadas.
Depois do almoço foi altura de colocar pés ao caminho vinha abaixo. Distribuídas as tesouras seguiu-se o primeiro passo do corte no qual foi possível ouvir e ver uma demonstração de Rui Magalhães um dos proprietários da Quinta da Prelada, sobre a forma correta de fazer a poda. O grande grupo dividiu-se em três subgrupos e juntou-se aos restantes trabalhadores da vindima que já desde cedo se encontrava no monte.
As equipas diluíram-se com os trabalhadores e durante mais de 2 horas cortaram, falaram, conviveram, trocaram experiências e trabalharam entre si sempre num espírito de entreajuda. Com os jovens seguiam também alguns responsáveis socio culturais das Aldeias SOS que estiveram sempre a incentivar as crianças nesta experiência.
Algumas horas, e muito sol, uvas e pó depois, os jovens conseguiram encher todos os cestos dando por terminada a vindima com o transporte das uvas para o seu curso natural. Dentro da Quinta, todos tiveram a oportunidade de conhecer os lagares e todo o processo de vinificação, as pipas e os tonéis.
Seguiu-se um lanche convívio oferecido pela Quinta de Turismo Rural da Pitarrela e assistiu-se ao entardecer no meio dos socalcos. O jantar foi realizado pelos próprios jovens e educadores que conviveram com os anfitriões das Quintas durante algumas horas. Os jogos e conversas noturnas entre o grupo terminaram numa noite descansada para todos na Pitarrela.
Acordar no dia seguinte no Douro sob a vista dos socalcos e vinhas foi algo extraordinário para todos que saíram enriquecidos com esta experiência levando na bagagem histórias para contar, muitas fotografias mas sobretudo uma grande vontade de voltar ao Douro e partilhar uma das tradições mais antigas de Portugal, as vindimas.
O pequeno-almoço foi tomado a meia da manhã na Quinta por entre o reboliço de mais de 20 crianças que seguiram já por volta da hora de almoço para o Porto. Esta foi uma oportunidade única na vida destas crianças e jovens que vêm de origens completamente distintas e que se tornou apenas possível com boa vontade e entreajuda destas duas Quintas do Douro que abriram as suas portas e especialmente os seus corações para conviverem e partilharem com estes jovens momentos e histórias.
Sobre as Aldeias SOS
Com o conceito de Aldeia de Crianças, a organização foi pioneira numa abordagem de um modelo familiar de acolhimento a longo prazo para crianças órfãs e abandonadas. O modelo familiar das Aldeias de Crianças SOS assenta em quatro princípios: cada criança necessita de uma MÃE, cresce com os seus IRMÃOS E IRMÃS, na sua própria CASA e dentro de um ambiente de ajuda mútua dentro da ALDEIA. A mãe SOS está presente 24 horas por dia. Vive na mesma casa e é responsável por alimentar, cuidar e educar as crianças. Para cumprir com a sua missão, as mães SOS têm a ajuda de outros profissionais (psicólogos, assistentes sociais).As famílias são compostas por 6-8 crianças e pela mãe SOS. Crianças de diferentes idades crescem juntos. Em cada Aldeia de Crianças SOS vivem um conjunto de famílias num ambiente de convívio e ajuda mútua, partilhando experiências.
Fonte: http://www.noticiasdevilareal.com/criancas-das-aldeias-sos-do-porto-vieram-ao-douro/